domingo, 12 de fevereiro de 2017

Animais Noturnos

Tom Ford, o designer da Gucci, realiza o seu segundo projeto depois de Um Homem Singular, com Colin Firth de 2009, protagonizado por Jake Gyllenghal e Amy Adams. Edward e Susan que antigamente formavam um casal. Passados 20 anos da última vez que se viram ele envia-lhe um manuscrito do seu livro Animais Noturnos que vai publicar dentro de meses, dedicado a ela. Um livro sobre um homem que perde a sua mulher e a sua filha depois de um gangue se entrepôr no caminho deles e que se junta ao xerife para prender os culpados. E a medida que o vai lendo Susan Borrow, uma mulher miserável presa num casamento infeliz e num trabalho que já não lhe dá alento, revê a sua vida com Edward e todos os momentos e decisões que a levaram onde está hoje. O livro é um poderoso conto sobre um homem que quer vingar-se do homem que lhe tirou a mulher e a filha, é cruel e violento, ao mesmo tempo justo, um paralelo e uma alegoria pelo menos segundo o que Borrow pensa. O final é para ser discutido, algo estabelecido pelo próprio diretor, com várias interpretações, todas elas sobre memórias e mudanças e coisas que não podemos deitar fora porque talvez nunca as possamos reencontrar, sobre oportunidades perdidas. É isto é sobre o que é este filme, um thriller dramático, sobre pessoas que não tentam e que perdem mas sempre tem a oportunidade de reavaliar os seus erros e mudar a sua vida. Pode ser visto como trágico ou como esperançoso na verdade (se acreditarmos que aquele foi o primeiro passo.), fala de uma nova maneira de ser, do poder de catarse da arte.
Brilhante banda sonora que transforma cada um dos momentos mais intrigantes, o visual é para o reforço da história, as cores, as vestimentas, a arte (o quadro a dizer Revenge, etc) tudo é um símbolo. Torna-se distante, não sofremos verdadeira com as personagens mas secalhar até era o propósito. Um diretor consegue torná-lo escuro, aterrorizante, perturbador, com sempre coisas novas a serem descobertas e assim nunca aborrecido. Baseado no livro Tony e Susan de Austin Wright, tem como personagens secundárias Aaron Taylor Johnson, como não um psicopata doidão, um psicopata humano que bem podia passar despercebido, Michael Shannon nomeado para ator coadjuvante, fazendo um grande trabalho como o xerife Andes e os dois atores protagonistas dos mais injustiçados do Óscar agora que o DiCaprio já foi. Adams consegue ser uma mullher perturbada, que não dorme graças as tantas preocupações na sua cabeça apenas com os seus olhares, não gritos nem gestos fora de todo o sentimento de restrição do filme. E terem escolhido a Isla Fisher para mulher do Tony por ser tão parecida com a Amy foi só genial.
Acho que merecia indicação de melhor roteiro... É para ser visto.

Curiosidades:
  • Referências artísticas no filme incluem, uma escultura de "um cão balão" de Jeff Koons, uma fotografia de Richard Misrach, uma pintura de John Currin na galeria de Susan, uma escultura de Aaron Curry, muitos dos trabalhos vieram da coleção privada do diretor;
  • Laura Linney interpreta a mãe de Amy Adams e na realidade ela é apenas 10 anos mais velha que ela;
  • Mesmo sendo designer de moda, Ford escolheu deixar os figurinos para os figurinistas. nenhum produto de Tom aparece no filme isto porque, o diretor não queria um anúncio;
  • Com o globo de ouro de Aaron, ficou marcada a primeira vez em 40 anos que o vencedor para melhor ator coadjuvante não recebe uma nomeação para os Oscars. A última vez que tal aconteceu foi com Richard Benjamin por Uma Parelha de Chatos.


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